quinta-feira, 26 de maio de 2016

Em artigo no Estadão, Fábio Porchat pede que o ministro do turismo "salve o Parque da Serra da Capivara"

O ator e humorista Fábio Porchat publicou em seu blog do Estadão, neste domingo (22), um texto curto intitulado "Salve o Parque Nacional da Serra da Capivara!". Ele destaca a pouca divulgação que o local possui nacionalmente e as dificuldades que enfrenta, pedindo a atenção do Ministério do Turismo, que hoje tem à frente Henrique Eduardo Alves.

Serra da Capivara

Um dos pontos citados por Porchat é o Aeroporto Nacional de São Raimundo Nonato, que está sem receber voos desde que foi inaurado. Ele diz ainda que o local não está protegido pelo governo e nem esteve, em gestões anteriores. Ele encerra o texto pedindo "Alô, ministro do Turismo, salve o Parque Nacional da Capivara!".

Leia abaixo o texto na íntegra:

"Escrevo de Istambul. Vim aproveitar dez dias de férias. Amo viajar e o faço sempre que posso. Mas sempre que estou fora do meu país fico um pouco deprimido por me dar conta de como temos nas mãos alguns dos lugares mais incríveis do planeta e não aproveitamos nem 10% do seu potencial. Por que tudo é tão caro no Brasil? Por que a mão de obra é tão ruim na maioria dos lugares? Por que muitos tão abandonados? Hoje, particularmente, gostaria de falar sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara. Já ouviu falar? Pois é. Fica no Piauí e é só a área de maior concentração de sítios pré-­históricos do continente americano. Lá se encontra a maior quantidade de pinturas rupestres do mundo! Sim, no Brasil! Tem vestígios do homem de 50 mil anos! Uma chance para você adivinhar se o lugar está protegido pelo governo (este ou qualquer outro anterior) ou se está abandonado e sem recursos suficientes para se sustentar. Então. Simplesmente, o parque tem se deteriorado pelo descaso que temos com nossa cultura. Um aeroporto foi construído próximo ao parque para facilitar o acesso. Ele já está lá, pronto. Pergunta se está funcionando. Não está. Pergunte por quê? Ninguém sabe.

Como é possível que a maioria esmagadora de nós brasileiros não saiba da existência desse lugar? Isso, por si só, já é um fato inacreditável, mas, ainda por cima, as autoridades não mexerem uma palha para impedir sua deterioração é algo criminoso. Temos nas nossas terras uma das coisas mais preciosas da humanidade. É claro que existem pessoas interessadas e esforçadas que lutam pela preservação do parque até a última gota de sangue, suor e lágrimas, mas essas pessoas precisam de ajuda, já estão no limite.

Fica aqui o meu apelo e alerta. Procure conhecer mais sobre esse lugar, entre no Google e entenda do que estou falando. O lugar é incrível, uma ótima oportunidade para se conhecer nas férias. De resto, temos que cobrar. Estamos vivendo um momento conturbado no cenário político e, independentemente das nossas prioridades, impedir que um patrimônio como esse seja destruído é obrigação. Alô, ministro do Turismo, salve o Parque Nacional da Capivara!"



Crise

A presidente da Fundação Museu do Homem Americano (Fundham), a pesquisadora Niède Guidon, iniciou um processo de demissão dos últimos 60 funcionários do Parque Nacional Serra da Capivara, em agosto do ano passado.

O motivo foi a crise financeira que assola o parque, declarado em 1991, Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas pela Educação, Ciência e Cultura (Unesco). A medida drástica colocou a segurança do Parque em risco. Das 28 guaritas, apenas 12 estavam funcionando. Com a demissão dos últimos funcionários, o local ficaria totalmente sem fiscalização.

O Parque
Serra da Capivara

O Parque Nacional da Serra da Capivara foi criado através do Decreto de nº 83.548 de 5 de junho de 1979, com área de 100 000 hectares. A proteção ao Parque foi ampliada pelo Decreto de nº 99.143 de 12 de março de 1990 com a criação de Áreas de Preservação Permanentes adjacentes com total de 35 000 hectares.

Localizado no semi-árido nordestino, fronteira entre duas formações geológicas, com serras, vales e planície, o local abriga fauna e flora específicas da Caatinga.

Fonte: CidadeVerde

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