sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Descendente de holandeses emprega mais de 500 pessoas e inaugura usina solar em fazenda no Piauí

"Terra seca que nada produz", essa era, e ainda é, a fama do Piauí por todo o país, mas muita gente descobriu e vem descobridno cada vez mais que isso não é verdade, as terras do Piauí possuem sim grande potencial produtivo, e vem mostrando isso na agricultura, o que tem atraido cada vez mais os olhos para o que hoje é "a última fronteira agrícola do país". Gaúchos, paranaenses, catarinenses, paulistas, ´gente de todos os cantos do país vem desbravando os cerrados piauienses e um deles é o gaúcho descendente de holandeses  Cornélio Sanders, que após passar pelo Centro-Oeste, Minas Gerais e Maranhão resolveu apostar nas  mal faladas terras  piauienses, e foi assim que ele desenbarcou no Piauí no inicio dos anos 2000 e se tornarnou um dos maiores produtores agricolas do Piauí.

A Fazenda Progresso, uma das maiores do Piauí, pertence a  Cornélio Sanders / Imagem: GP1

Ele chegou ao Piauí no ano de 2001, vendo nas terras piauienses um campo fértil para expandir sua produção agropecuária. Ele criou o Grupo Progresso, que atualmente conta com 4 propriedades no Piauí, nos municípios de Sebastião Leal, Uruçuí, Landri Sales e Guadalupe. Como principais atividades, estão o cultivo de soja, milho, algodão, beneficiamento de algodão, pesquisa e produção de sementes de soja, eucalipto e, atualmente, iniciando integração lavoura, pecuária e floresta.

A família de Seu Cornélio chegou ao Brasil em 1948, no pós-guerra, buscando no país um meio de fugir das dificuldades enfrentadas na Europa. Após passar pelo estado de São Paulo, Pai Thomas, pai do empresário, fixou-se no Rio Grande do Sul. Em 1970, após o falecimento do pai, Seu Cornélio e os irmãos começaram a expandir os negócios da família e nove anos depois iniciou o processo de separação da sociedade. Seu Cornélio foi o último a deixar a parceria, em 2000.

O fazendeiro Cornélio Sanders / Imagem: GP1

Foi nesse momento que o descendente holandês, a esposa e os filhos buscaram o Nordeste com o intuito de ampliar sua produção, mesmo com as dificuldades iniciais, eles encontraram no nosso estado de clima quente um lugar viável para alcançar o que almejava. “Eu resolvi procurar outras regiões para crescer, eu andei na Bahia, no Mato Grosso, Maranhão, Tocantins e a gente acabou chegando aqui, achamos uma região que nós sabíamos que era uma região do Nordeste que era seca, mas nós achamos que tinha condição de avançar. A gente comprou a área, o primeiro ano a gente foi mal, colhemos muito mal, o segundo ano a gente conseguiu colher bem e tocamos mais uns dois anos sem fazer investimentos, para ter certeza que era viável, e de 2004 para 2005 a gente viu que a coisa era viável, a gente começou a crescer e investir mais”, contou.

Em 16 anos de atuação em solo piauiense a empresa cresceu e investiu. “Nós começamos com 3.800 hectares e hoje nós estamos plantando 42 mil hectares. Além disso, a gente implantou indústria, a parte de sementes, então fomos avançando nessa área também”, disse.

Cornélio Sanders e funcionários / Imagem: GP1

Questionei sobre a receptividade do povo piauiense e Seu Cornélio respondeu dizendo que no começo foi difícil convencer a população de que a intenção era de investir no solo do estado. “No começo, quando a gente chegou, o povo daqui achava que a gente era forasteiro que vinha aqui derrubar cerrado, plantar 3 ou 4 anos na área que a gente ia derrubar e depois abandonar as terras, o povo não tinha conhecimento de como isso funciona. Na prática isso não existe, você tem que derrubar o cerrado, investir muito na terra, corrigir o solo todo, porque o solo de todo o cerrado brasileiro é muito pobre, então você tem que corrigir o solo primeiro, aí você leva dois, três anos para produzir bem. Então o povo achava que a gente ia vir aqui só para derrubar o cerrado e é uma coisa que a gente demorou para convencer o povo de que não era assim, que a gente tinha que investir muito antes de conseguir tirar alguma coisa. Hoje sim, eles percebem que não era aquilo, que primeiro a gente tem que gastar muito dinheiro para depois conseguir alguma coisa. Agora está todo mundo sabendo e vendo”, narrou.

Cornélio Sanders e  sua esposa, dona Ani

O fazendeiro afirmou que o Piauí é um ótimo local para se investir na agropecuária. Suas palavras lembram as de Pedro Vaz de Caminha na carta escrita ao rei Dom Emanuel ao chegar no Brasil em 1500, quando ele disse “Em se plantando tudo dá”. Para o descendente holandês, “no Piauí hoje, todas as regiões onde o pessoal está começado essa área agrícola estão indo bem, os trabalhadores estão indo bem, mudou a mentalidade desse povo todo, hoje eles estão conscientes da forma como são feitas as coisas”.

Ele também ressaltou a melhoria de vida da população após a implantação das fazendas. De acordo com ele, no início as pessoas o procuravam pedindo emprego mesmo que fosse para não receber pagamento. “O que avançou essa região...para você ter uma ideia, quando a gente chegou aqui o povo não tinha uma bicicleta para andar, o pessoal chegava aqui pra mim e dizia ‘eu queria trabalhar com vocês, não precisa me pagar salário, só me paga comida e cama que está bom’, era dessa forma que eles chegavam. Hoje eles estão bem, o pessoal conseguiu melhorar suas residências, conseguiram seu carro, sua moto, é difícil um funcionário nosso que não tenha uma moto ou um carro. E assim melhoraram suas casas, a condição das famílias, tudo isso faz parte”, disse orgulhoso.

Maquinas colhendo algodão na fazenda Progresso

O Grupo Progresso, que começou empregando 60 funcionários no Piauí e hoje já conta mais de 290 colaboradores distribuídos por todas as unidades no estado, emprega cerca de 500 pessoas entre servidores diretos e indiretos, o que movimenta a economia de toda a região. “Hoje nós estamos construindo, a gente contrata empresas, que contratam o pessoal da região para prestar serviço. Então entre diretos e indiretos a gente está na faixa de 500 funcionários. O município recebe com isso, toda a região é beneficiada com isso”, ressaltou o patriarca da família Sanders.

Quando questionado se o Grupo Progresso ainda pretende fazer investimentos nas terras piauienses Seu Cornélio foi prudente na resposta. Ele confirmou que tem sim o intuito de expandir seus negócios no Piauí, mas que o momento de crise vivido pelo país exige cautela e que o mais importante é que a empresa não fez nenhuma demissão. “A gente vai expandindo na medida do possível, quando você tem uma crise você tem que dá uma segurada, existe a crise econômica, a crise política... Então a gente vai dar uma segurada, mas o que aconteceu, com toda a crise é que a gente não dispensou ninguém, com toda a crise a gente até contratou mais gente, a gente está mantendo nossa equipe, aumentamos um pouco e vamos continuar firmes”, ressaltou.

Usina de energia solar:

Ampliando os investimentos Cornélio Sanders inaugurou em janeiro  uma usina de energia solar na Fazenda Progresso, no município de Sebastião Leal, a 420 km de Teresina.

Inauguração de usina solar na fazenda Progresso / Imagem: Governo do Piauí

O evento contou com a presença de fazendeiros da região e do governador Wellington Dias. Ela tem capacidade de 1,6 Mega Watt Pico (MWp). São 5120 placas instaladas com 320 Watt Pico, cada.

Usina de Beneficiamento de Sementes:

Na ocasião, também foi inaugurada uma Usina de Beneficiamento de Sementes que tem uma capacidade de produção de pelo menos 450 mil sacos por ano. A unidade é totalmente climatizada e refrigerada para o clima piauiense, que geralmente degrada a semente antes mesmo dela ser germinada. A técnica consiste em resfriar o grão entre 12 a 14 graus Celsius para prolongar o mesmo vigor de quando ela é colhida. As sementes serão distribuídas pelo Piauí e também para outros estados do Brasil.

Com informações do Portal GP1 e Governo do Piauí

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